segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Matéria: Drogas na esquina



A maioria dos pais não tem idéia de como seus filhos entram em contato com as drogas. Eles gostam de pensar em traficantes perversos, verdadeiros lobos maus disfarçados de coelhinhos. Bobagem. A garotada experimenta sua primeira droga ilícita através dos coleguinhas de escola, com a turma nas baladas. Ou mesmo dentro da própria família. Nunca me esquecerei do depoimento de um pai em uma palestra que dei no interior de São Paulo. Quando afirmei que as drogas estão mais próximas do que se pensa, o homem se ergueu chorando:



— Meu filho faleceu de AIDS. Ele contraiu o vírus em seringas compartilhadas. Mais tarde descobri que o meu irmão, seu tio, foi quem o levou ao consumo.



Emudeci. A platéia ficou em silêncio. O que dizer diante do sofrimento daquele homem? Da curiosidade ao vício, o roteiro é conhecido. O adolescente falta às aulas. Fica trancado no quarto ou some com a galera. Pede grana extra. Finalmente, algo de valor desaparece da casa. E aí a família reage... Demitindo a empregada! É sempre a primeira suspeita. Uma conhecida cuja filha chegou a ser internada lastimou-se:



— Ainda não entendo como não percebi. Ela mudou de comportamento, rebelava-se o tempo todo, sumia. E eu achava que era uma fase.



Para alguns adolescentes, o uso de drogas parece normal. Seus próprios pais as usam. Principalmente as consideradas leves, como a maconha. O pai do amiguinho muitas vezes oferece o primeiro cigarro ao garoto, como se fosse um ritual de iniciação ao mundo dos adultos. Já ouvi pais como esses argumentar:



— A maconha é menos perigosa que o cigarro.



Pode até ser, embora eu duvide. Nunca vi um fumante convencional se tornar uma pessoa lerda, com pensamentos vagos, como o usuário de maconha. E a maconha vem misturada, ninguém sabe com o quê. E também, se algo é menos perigoso, não significa que seja bom. Também ouço outro tipo de defesa:



— A bebida é muito pior que qualquer droga.


Concordo. O alcoólatra destrói a própria vida. Mas a maioria das pessoas bebe só socialmente. As drogas parecem produzir reações químicas em que a dependência é quase imediata. Mais que isso: drogas são proibidas. Para comprá-las é preciso dialogar com traficantes, entrar no submundo do crime. Quem deve no bar, no máximo ganha um esculacho do gerente. No caso das drogas, leva tiros.



fonte: http://vejasp.abril.com.br/revista/edicao-2215/drogas-na-esquina-walcyr-carrasco


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4 comentários:

  1. Assunto atual e tema curioso, legal o desenvolvimento da matéria, porém acho que poderia se aprofundar um pouco mais em pesquisa e levantamento de dados atuais, para que assim a construção do assunto possa assumir um apelo além de um discurso contra as drogas em uma matéria informativa.

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  2. O assunto desenvolvido é interessante de ser abordado, pois sempre está sendo colocado em pauta e nunca é demais falar sobre ele. A forma que a matéria foi colocada me pareceu, no mínimo, interessante, por ser diferenciada, porém, embora tudo se encaixe perfeitamente, faltou um pouco de aprofundamento.

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  3. Assunto realmente interessante, fonte bem adequada e uma boa distribuição, mas faltou mais objetividade.

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  4. Assunto muito pertinende, pois alguns pais acham que as coisas só acontecem com os outros e não enxergam os que pode estar ocorrendo com seus próprios filhos.

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